A hipálage é uma figura de linguagem caracterizada pela atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se encontra próximo ou relacionado com ele. Assim, é atribuído um adjetivo a um substantivo quando na realidade esse adjetivo se refere lógica e naturalmente a outro substantivo.
A hipálage produz uma mudança na estrutura natural da oração, ocorrendo um desajuste entre o sentido e a função da palavra na frase. Este recurso, utilizado na linguagem oral e escrita, tem como principal objetivo aumentar a expressividade da mensagem.
Exemplos de hipálage:
- Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.
- Minha avó fazia um tricô rápido e incessante enquanto via a novela.
- Olhei por uma janela atenta e fiquei esperando que algo acontecesse.
- Esse sapato não entra no meu pé!
- Essa blusa não cabe em mim…
Exemplos de hipálage na literatura:
- “Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)
- “O silêncio desaprovador dos meus colegas.” (Camilo Castelo Branco)
- “A janela começa a clarear foscamente.” (Carlos de Oliveira)
- “Uma alvura de saia moveu-se no escuro.” (Eça de Queirós)
- “Sobre as aldeias tristes, sobre o silêncio humilde do fumo das lareiras...” (Vergílio Ferreira)