A hipálage é uma figura de linguagem caracterizada pela atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se encontra próximo ou relacionado com ele. Assim, é atribuído um adjetivo a um substantivo quando na realidade esse adjetivo se refere lógica e naturalmente a outro substantivo.

A hipálage produz uma mudança na estrutura natural da oração, ocorrendo um desajuste entre o sentido e a função da palavra na frase. Este recurso, utilizado na linguagem oral e escrita, tem como principal objetivo aumentar a expressividade da mensagem.

Exemplos de hipálage:

  • Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.
  • Minha avó fazia um tricô rápido e incessante enquanto via a novela.
  • Olhei por uma janela atenta e fiquei esperando que algo acontecesse.
  • Esse sapato não entra no meu pé!
  • Essa blusa não cabe em mim…

Exemplos de hipálage na literatura:

  • “Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)
  • “O silêncio desaprovador dos meus colegas.” (Camilo Castelo Branco)
  • “A janela começa a clarear foscamente.” (Carlos de Oliveira)
  • “Uma alvura de saia moveu-se no escuro.” (Eça de Queirós)
  • “Sobre as aldeias tristes, sobre o silêncio humilde do fumo das lareiras...” (Vergílio Ferreira)
Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.