O anacoluto, sendo uma figura de linguagem, é caracterizado como sendo uma frase quebrada, ou seja, uma frase cuja estrutura sintática é interrompida, sendo continuada de uma forma alternativa, deixando solto o termo inicial da oração.

Esse termo antecipa o assunto da frase, enfatizando-o, mas fica desligado da restante oração, permanecendo em suspenso.

Os anacolutos são frequentes na linguagem falada, caracterizada por uma maior liberdade e espontaneidade, havendo mais lugar a mudanças de pensamento e interrupções bruscas do discurso.

Exemplos de anacolutos:

  • Mariana, a leitura mantinha-a acordada durante a noite.
  • Conselhos, se fossem bons não se davam, vendiam-se!
  • Crianças, como ter paciência para elas?
  • Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.
  • Eu, ele está sempre querendo conversar comigo.

Exemplos de anacolutos na literatura:

  • "Eu, porque sou mole, você fica abusando." (Rubem Braga)
  • "A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha." (Camilo Castelo Branco)
  • "Umas carabinas que guardavam atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis." (José Lins do Rego)

Fique sabendo mais!
Anacoluto tem sua origem no latim anacoluthon, pelo grego anakólouthos que se refere ao ato de não seguir um caminho.

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.