Metáfora é uma figura de linguagem que consiste no uso de palavras e expressões no sentido figurado.

A metáfora é uma comparação entre dois elementos que apresentam uma ou mais características em comum, sem o uso de elementos comparativos (com, como, tal qual, tal como, assim, tão, quanto etc.) e sem destacar a característica em comum. Por exemplo:

Minha filha está uma girafa!
Girafa é geralmente um animal muito alto. Por isso, a frase Minha filha está uma girafa! metaforicamente significa dizer Minha filha é muito alta!

A metáfora estabelece uma comparação implícita. Assim, a comparação é feita de modo subentendido, não há um termo comparativo explícito.

Metáforas na literatura

A metáfora é um dos recursos linguísticos mais empregados na produção literária:

“Amor é fogo que arde sem se ver” (Luís de Camões)
O fogo é algo que queima e machuca. Logo, ao comparar o amor com o fogo, Camões expressa a ideia que tem sobre o sentimento do amor.

“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
O rio subterrâneo é um rio que flui sob a superfície do solo. É um processo natural que não é visto. Assim é o pensamento humano, um fluxo de ideias que não se vê.

“[…] pôr o pé no chão do seu coração […]” (Carlos Drummond de Andrade)
A expressão pôr o pé no chão significa viver de acordo com a realidade e fixar-se em determinada realidade. Logo, pôr o pé no chão do seu coração é fixar-se nele, viver a realidade do coração no qual se pôs o pé.

“A rosa, um lindo palácio/E o espinho, uma espada fina.” (Vinicius de Moraes)
Palácios são sempre bonitos. Entretanto, têm espadas, as quais são associadas a batalhas ou disputas que causam ferimentos. Assim, Vinicius de Moraes compara a beleza da rosa à beleza do palácio e o espinho à espada. Tanto espinho quanto espada são elementos pontiagudos, assemelhando-se na forma como machucam.

“Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice Lispector)
As tranças quando cortadas deixam o pescoço a mostra. Logo, a parte mais longa do corpo de uma girafa está sempre a mostra, o pescoço.

“Perdi-me dentro de mim/Porque eu era um labirinto.” (Mário de Sá Carneiro)
O labirinto são caminhos entrecruzados, que dificultam encontrar a saída. Logo, Mario de Sá Carneiro faz uma metáfora de como é difícil encontrar a si próprio, entender-se, compreender o próprio eu.

“As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.” (Mário Quintana)
Mario Quintana estabelece uma comparação entre o aceno e o movimento dos pássaros voando. Considerando-se que a palavra adeus está relacionada a uma despedida definitiva, o escritor acrescenta "morrendo lentamente".

Metáforas na linguagem cotidiana

Aquele atleta é um touro.
Touro é um animal muito forte. Portanto, na oração acima, o atleta é tão forte quanto um touro.

Essa notícia foi um balde de água fria.
Um balde de água fria é uma expressão que significa algo inesperado, quebra de expectativas. Na frase, representa a ideia de que a notícia foi tão inesperada quanto jogar um balde de água fria em alguém.

Esta informação será a chave do problema.
A chave do problema é uma expressão que indica que a solução de algo foi encontrada. Logo, a informação será a solução do problema.

A metáfora é uma das figuras de linguagens mais utilizadas na comunicação em geral. É uma importante ferramenta linguística da comunicação humana, usada para tornar mais expressivo o que se quer dizer tanto na língua falada quanto na língua escrita.

Há metáforas na linguagem cotidiana, em poemas, músicas, histórias infantis, textos sagrados e até na publicidade. Além de palavras, existem também expressões e textos com sentido metafórico, como “difícil de engolir”, “ter o rei na barriga”, “ir para o olho da rua” e “a ponta do iceberg”, bem como as parábolas da bíblia e outras fábulas tradicionais.

A metáfora é uma figura de linguagem que se desenvolve no âmbito da linguagem conotativa, ou seja, apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto frásico em que aparece, assumindo um sentido figurado e simbólico.

Conheça outras figuras de linguagem.

Metáfora e comparação: qual é a diferença?

Há uma certa confusão entre metáfora e comparação. Essas duas figuras de linguagem estabelecem relações entre elementos que apresentam características comuns. Há, contudo, uma diferença importante:

  • Na comparação, há sempre um elemento comparativo que torna a comparação explícita (como, feito, tal qual, que nem, igual a, entre outros).
  • Na metáfora, a comparação é feita de modo implícito, não havendo termo comparativo que evidencie essa comparação.

Metáfora: Aquele atleta é um touro.
Comparação: Aquele atleta é forte como um touro.

Saiba mais sobre a comparação.

Metonímia e metáfora: qual é a diferença?

A metáfora também não deve ser confundida com a metonímia, por serem duas figuras de linguagem diferentes.

Na metáfora:

  • ocorre uma comparação;
  • há uma associação de ideias entre os termos, feita pelo falante, dependendo dele.

Na metonímia:

  • ocorre uma substituição;
  • há uma relação de dependência e contiguidade entre os sentidos dos termos, independentemente do falante.

Metáfora: Essa notícia foi um balde de água fria.
Metonímia: Vou beber um balde de água fria para matar minha sede.

Leia mais sobre a metonímia.

Fique sabendo mais!
Metáfora tem sua origem na palavra em latim metaphora, pelo grego metaphorá, que se refere a uma troca, mudança e transposição.

Figuras de linguagem

A metáfora é uma das figuras de linguagem mais utilizadas. As figuras de linguagem são recursos estilísticos utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da mensagem. Estão subdivididas em: figuras de palavra, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som.

Figuras de palavras Alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia.
Figuras de construção Anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.
Figuras de pensamento Antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oximoro, prosopopeia ou personificação.
Figuras de som Aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.

Caso queira testar seu conhecimento, faça os exercícios de figuras de linguagem.

Beatriz Santana
Beatriz Santana
Entre um brincar de giz na lousa da escola e a cartilha Caminho Suave, sonhei ser professora. Sou licenciada em Letras e a maior parte da minha vida profissional foi dedicada a formação de professores. Ensinar exige um aprender constante. Por isso, sigo aprendendo e ensinando, ensinando e aprendendo para além dos muros de uma escola. Adoro peças de teatro, shows e arte em geral.