Hipérbole é a palavra ou a expressão usada para expressar algo de forma exagerada:

  • Demorou uma eternidade para chegar as férias.
  • Já te disse um milhão de vezes que não gosto disso.
  • Estou na espera do atendimento telefônico há séculos.

A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste no uso intencional de palavras ou expressões com o objetivo de enfatizar uma ideia, de exagerar sobre a realidade, de impressionar o interlocutor.

Baseia-se no exagero. Esse exagero da realidade tem como finalidade destacar, intensificar ou enfatizar um sentimento ou ação que ocorre em excesso.

Exemplos de hipérbole

A hipérbole é também denominada de figura de pensamento por representar de forma escrita o sentido figurado de algo que reside apenas na ideia do pensamento. Explora o aspecto semântico da língua, enfatizando e exagerando o sentido de uma determinada palavra.

Trata-se de uma figura de linguagem muito utilizada na linguagem cotidiana, recorrente na propaganda, presente na literatura e bastante usada na música.

Hipérbole no cotidiano

O uso da hipérbole é muito comum no dia a dia. A maioria das pessoas, muitas vezes, utiliza essa figura de linguagem de forma despercebida.

Estou morrendo de sono.
As pessoas não morrem de sono. A expressão morrendo de sono enfatiza que se está com muito sono.

Morri de rir com a história que ela me contou.
Morrer de rir
é uma forma exagerada de afirmar que riu muito de algo.

Meu Deus! Essa caixa pesa uma tonelada, não consigo carregá-la sozinha!
Afirmar que algo pesa uma tonelada é uma maneira de demonstrar que o objeto é extremamente pesado.

Meu irmão gastou rios de dinheiro com a educação do meu sobrinho.
A expressão rios de dinheiro é hiperbólica porque rio assemelha-se com a água que corre de forma desenfreada, por um rio muitas águas passam. Logo, gastou rios de dinheiro significa que muito dinheiro foi investido em algo.

Ele veio voando, mas não conseguiu chegar a tempo.
Veio voando
expressa exageradamente a ideia de rapidez. É sabido que o ser humano, diferentemente das aves, não possui asas, as quais permitem deslocamento com agilidade.

Hipérbole na literatura

A hipérbole é uma figura de linguagem bastante utilizada na literatura para enfatizar emoções.

Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu,

(BILAC, Olavo. A alvorada do amor. In: Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 1997.)

Rosas te brotarão da boca é uma forma de enfatizar voz e palavras bonitas. O emprego da hipérbole Rios te correrão dos olhos destaca que haverá um choro tão volumoso quanto as águas dos rios.

“E pensar que alguns dias antes estaria louco de alegria por me ver numa situação semelhante. Não falta nada: a noite, o murmúrio da folhagem, a espera, os índios com seus espiões à espreita e eu, o cowboy desarmado que vai cruzar o limite do território deles. Minha vida pendurada na ponta de seus fuzis...”
(JOFFO, Joseph. Os meninos que enganavam nazistas. São Paulo: Vestígio, 2017.)

A expressão louco de alegria revela que se está demasiadamente alegre. Já a expressão Minha vida pendurada na ponta de seus fuzis demonstra como a vida está em risco. Ambas expressões são exageradas, portanto, hipérboles.

Hipérbole na música

A hipérbole se faz presente na música para expressar de forma exagerada os sentimentos e as emoções retratadas nas canções. Veja alguns exemplos:

Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier

(TITÃS. Epitáfio. Rio de Janeiro: Ariola Records, 2001. 50 min.)

Ter morrido de amor é um exagero. É sabido que ninguém nunca morreu de amor. Não há registros ou atestados de óbitos que declarem como causa de morte o amor. Portanto, trata-se de uma forma de demonstrar como deveria ter vivido de forma enfática o sentimento do amor.

O meu coração
Já estava aposentado

Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado

(MONTE, Marisa. Ainda bem. Rio de Janeiro: EMI, 2011. 45 min.)

O meu coração já estava aposentado é uma maneira enfática, hiperbólica, de indicar que não se deseja mais amar ninguém.

Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
(SANTOS, Lulu. Tempos modernos. Rio de Janeiro: WEA,1982. 06 min.)

Nos versos, Hoje o tempo voa, amoreEscorre pelas mãossão formas exageradas de demonstrar como tempo passa rapidamente. O tempo é algo abstrato, portanto, não é possível que tenha asas para voar, tão pouco é possível pegá-lo para escorrer rapidamente pelas mãos como líquidos.

Um beijo fala mais que mil palavras
Um toque é bem mais que poesia
No seu olhar enxergo a sua alma
Sua fala é uma linda melodia

(SANTANA, Luan. Um beijo. São Paulo: Som Livre, 2015. 69min.)

Um beijo fala mais que mil palavras é uma hipérbole porque demonstra de forma exagerada aquilo um beijo representa, um gesto mais significativo do que dizer mil palavras.

Fique sabendo mais!
A palavra hipérbole originou do latim hyperbole, a qual, provém do grego hyperbolé, que indica excesso, exagero e proeminência.

Figuras de linguagem

Figuras de linguagem são recursos estilísticos utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da mensagem. Estão subdivididas em: figuras de palavra, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som.

Figuras de palavras

Alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia.

Figuras de construção

Anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.

Figuras de pensamento

Antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro, prosopopeia ou personificação.

Figuras de som

Aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.

Conheça mais sobre figuras de pensamento e figuras de linguagem.

Beatriz Santana
Beatriz Santana
Entre um brincar de giz na lousa da escola e a cartilha Caminho Suave, sonhei ser professora. Sou licenciada em Letras e a maior parte da minha vida profissional foi dedicada a formação de professores. Ensinar exige um aprender constante. Por isso, sigo aprendendo e ensinando, ensinando e aprendendo para além dos muros de uma escola. Adoro peças de teatro, shows e arte em geral.